A técnica conhecida como integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), que integra produção agrícola com a pecuária e o plantio de floresta, vem atraindo produtores rurais de todo o país. A Fazenda Gamada, em Nova Canaã do Norte, considerada pioneira na atividade em Mato Grosso, realizou o primeiro corte de eucaliptos plantados neste sistema na semana passada. A propriedade também participa do projeto do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) em parceria com a Embrapa Agrossilvipastoril, de Sinop-MT, denominado URTEs (Unidades de Referência Tecnológica e Econômica). As URTEs são áreas demonstrativas que estão localizadas em propriedades rurais onde, atualmente, são conduzidos sistemas de produção de iLPF em que são realizados trabalhos de pesquisa e validação de tecnologia. Na propriedade, de 2.420 hectares, estão instalados sistemas iLPF com diferentes configurações e com as espécies florestais eucalipto, pinho cuiabano, teca e pau de balsa. São 800 ha para produção de soja e 400 ha para o milho. Na propriedade também é desenvolvida a pecuária, com 480 cabeças de gado das raças nelore e rúbia galega, em regime de confinamento. Cerca de 30% dos eucaliptos do sistema estão sendo cortados e serão utilizados para a confecção de cercas e como combustível para o secador dos silos da propriedade. Segundo a pesquisadora do Imea e gestora das URTEs, Maria Denize Euleutério, as avaliações que estão sendo feitas têm o objetivo de mensurar tempo de corte, influência dos renques (espaços entre as árvores) na produtividade da área e rendimento médio da cultura. “Nosso projeto tem foco econômico, por isso é importante avaliarmos a relação custo e benefício do sistema”, explica Maria Denize. O projeto das URTEs é coordenado pela Embrapa Agrossilvipastoril e Imea, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT), Famato e Sindicatos Rurais, juntamente com todas as instituições parceiras dos projetos desenvolvidos pela Embrapa em Mato Grosso. Além da Fazenda Gamada de Nova Canaã do Norte, as outras URTEs são: Fazenda Bacaeri (Alta Floresta), Fazenda Certeza (Querência), Fazenda Pégasus (Marcelândia), Fazenda Dona Isabina (Santa Carmen), Fazenda Guarantã (Juara), Estação Experimental Embrapa Agrossilvipastoril (Sinop) e Fazenda Brasil (Barra do Garças). De acordo com o proprietário da Fazenda Gamada, Mário Wolf, participar deste projeto é uma forma de agregar valor à propriedade e servir de modelo para que outros produtores optem pela iLPF. “Já estamos no quinto ano de experimento, já tendo passado pela lavoura e pecuária e agora realizamos o primeiro corte. Ainda é cedo para avaliar os resultados, mas uma coisa que posso garantir é que integrar diferentes culturas é uma técnica que agrega muito valor a qualquer propriedade rural”, destaca Wolf. O presidente do Sistema Famato, Rui Prado, acrescenta que a entidade sempre se preocupou em levar aos produtores conhecimentos que contribuam com o desenvolvimento da agropecuária de Mato Grosso. Uma forma de disseminar informações e trocar experiências são os dias de campo, que foram realizados em parceria com a Embrapa. “Sabemos que a iLPF é um sistema de produção sustentável do ponto de vista ambiental, mas, junto com essa parceria inédita com o Imea, a Embrapa está avaliando a rentabilidade deste sistema aos produtores. O Governo Federal também criou o Plano ABC, que disponibiliza linhas de crédito para incentivar a iLPF. Penso que o setor rural está fazendo sua parte, mas o salto que Mato Grosso deu nos últimos 30 anos ocorreu muito mais por conta da iniciativa privada do que dos investimentos públicos. Precisamos que investimentos públicos sejam aplicados em infraestrutura, como pavimentação de estradas, construção de ferrovias, hidrovias, armazenagem, geração de energia e distribuição. Além dos investimentos em tecnologia e pesquisa dentro da porteira, precisamos ter condições de escoar essa produção de forma econômica, competitiva e sustentável”, observa Prado.
Fonte: Ubiratã News